Sociedade e cidadania

Singapura aposta no ensino que desenvolve as habilidades e não a competição

“Eu sei que chegar em primeiro ou segundo lugar tem sido tradicionalmente um reconhecimento orgulhoso da conquista de um estudante. Mas remover esses indicadores é por uma boa razão, de modo que a criança compreenda desde jovem que aprender não é uma competição, mas uma autodisciplina que eles precisam dominar para a vida”.

Este é um trecho do discurso do Ministro da Educação de Singapura, Ong Ye Kung, diante de 1700 líderes em Nova Dehli, India, num encontro sobre economia no mundo digital.

Uma das menores, porém mais prósperas nações da Ásia, Singapura possui um dos melhores sistemas educacionais do planeta. Mesmo sendo um dos tigres asiáticos da economia do mundo globalizado, onde competir é primordial para se sobressair, Ong Ye Kung vai na direção oposta.

Um outro ponto de destaque do seu discurso na Índia, o ministro afirma que computadores e robôs podem facilmente assumir a rotina repetitiva que os humanos fazem. Para que os trabalhadores não sejam substituídos por máquinas, a saída é aperfeiçoar as habilidades como um artesão. Nenhuma máquina pode reproduzir este nível.

O estímulo das habilidades elevou o nível da educação do país Foto: Fabian Leow/Nafa / Divulgação

Para o ministro, o desenvolvimento destas habilidades começa cedo, com as crianças pequenas, trabalhando o lúdico, a habilidades sócio-emocionais e a auto-descoberta. Não é a toa que a pasta investe pesado na pré-escola e o programa foi batizado de “Skills Future movement” (Movimento da habilidades futuras – tradução livre).

O ministro quer retirar a ênfase exagerada nas notas e quantificar o nível de realização da criança e do jovem. Com o fim do ranking de notas entre os estudantes, ele pretende descobrir se eles realmente estão aprendendo, independentemente dos seus números.

O novo sistema classificará os alunos em “faixas de aproveitamento”, que variam de um estudante para outro – isto é, as faixas se adequarão às capacidades da criança e do jovem, não sendo um sistema fixo, mas variável.

Boletins bimestrais, trimestrais e semestrais serão abolidos, bem como os chamados “relatórios de notas”. A ideia é que não haja mais uma hierarquização dos alunos entres “melhores” e “piores”, o que apenas contribui para segregá-los e impedi-los de alcançar um melhor desempenho prático.

“Eles podem se concentrar em suas próprias realizações, ao invés de ficarem sendo comparados ao outros”, concluiu.

O Ministro da Educação disse que os professores continuarão a reunir informações sobre a aprendizagem dos alunos através de discussões, trabalhos de casa e questionários.

“Este é um momento em que o sistema educacional está passando por uma reforma significativa, não por uma única medida, mas por todo um pacote de iniciativas que implementaremos sistematicamente ao longo do tempo. Sob este sistema, poderemos preparar melhor nossos filhos para o futuro”, disse Ong.

Fonte: BBC

Revista Ecos da Paz

Viver em harmonia é possível quando abrimos o coração e a mente para empatia e o amor.

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